29 março 2015

Vazio - Por: Bianka Maduell

VAZIO



Repentinamente -ou não, não sei bem -, as coisas mudam, o jogo vira. E o vazio invade a alma numa onda avassaladora.
Ninguém nunca saberá como lutar contra ele. A gente se aquieta e deixa ele passar. Se encolhe num canto e espera.
Esse vazio nos preenche, nos deixando zonzos, assustados com a presença imponente dele. Não sabemos como reagir.
Não sabemos nem de onde ele vem! Como a reagir a isso?
Talvez seja um amor não superado, talvez seja um abandono ou talvez seja apenas a loucura batendo a nossa porta. Tanto faz, não importa. Se sabe que ele vem, entra sem pedir licença, toma conta e se instala sem autorizarmos e, quando nos damos conta da presença dele, não conseguimos arrancá-lo.
Há uma só coisa a se fazer: esperar. Esperar que vá, que nos deixe.
E se você conhece uma fórmula, que não seja o tempo, tem uma obrigação com a humanidade de revelá-la, pode evitar muitos desastres. Mas, acredito ser impossível, não mais nada além do tempo, da espera. Nada além disso pode fazer esse vazio -detestável- ir embora.
Não sei você -não sei nem se já sentiu o vazio-, mas tenho quase certeza absoluta do que é esse vazio. É dor. Dor não curada, não superada, não esquecida.
É dor, eu sei que é. Não sei a espécie, o tipo ou o significado.
Se você já sentiu sabe bem que não há trago, não há piada nem cachaça que faça com que dissolva essa dor. Esse vazio tão torturante.
Nos sentimos zumbis levando a carcaça para cumprir com suas obrigações ou para passear, até. Obrigados a rir das meias graças contadas, a se encontrar com os amigos e forçar estarmos feliz. Nos obrigamos a fingir para não falar, porque falar cansa e já estamos cansados demais por ter que carregar esse vazio.
O único aliado que, realmente, nos dá alguma esperança é o tempo.
Tempo. Ele nos tortura com a espera, mas nos recompensa com o alívio -em um dia qualquer, meio nublado quem sabe-, fazendo com que sorríamos verdadeiramente de novo.




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